8.6.10

Os olhos do desejo

De tanto a imaginar, de tanto a desejar... era como se a conhecesse desde sempre.  Bastava-lhe fechar os olhos e esvaziar a cabeça para a ver... o olhar meigo e profundo, as curvas do rosto, a maciez do cabelo desalinhado. Tudo passava a ser incrivelmente familiar, como se sempre estivesse ali, bem ao seu lado... ao adormecer, ao acordar... na cumplicidade dos dias e das noites, nascida dos segredos partilhados, das palavras adivinhadas, dos desejos pressentidos.
De tanto a imaginar... era como se a vida nunca tivesse existido sem ela.
De tanto a desejar... era como se o amor não fizesse sentido sem ela.


O telefone tocou. Abriu os olhos e deixou de a ver. Desoladamente, levantou-se do sofá e foi trabalhar.
Estava frio e chovia.



1 comentário:

  1. Olá, vim agradecer a visita e o comentário, vc tem toda a razão,mesmo quando somos magoados(por qualquer motivo), o importante é estarmos bem com a gente mesmo. Obrigada pelo carinho! Bjs

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