18.11.09

O bosque


A estrada, estreita e poeirenta, começava a parecer-lhe interminável. Sentia-se impaciente. Fez a curva apertada à direita e assustou-se, quase não conseguia dominar o carro. Percebeu que ia depressa demais naquela estrada secundária, abrandou, antes que a pressa lhe matasse os planos. Na sua cabeça, a dúvida não lhe dava tréguas - será que vou conseguir encontrá-lo? Avistou um caminho à direita. Desviou lentamente da estrada e, ao longe, pareceu-lhe ver um pequeno edifício antigo. Era a escola! O seu ponto de referência ali estava, a mesma escola de que se lembrava, mas agora sem desenhos nas janelas, sem crianças, sem vida, a mesma escola, mas abandonada e quase em ruínas. Parou o carro, saiu e olhou em volta. Decidiu-se a ir pela esquerda, confiando perigosamente no seu sentido de orientação. Foi andando, olhando para um lado e para o outro, procurando ansiosamente aqueles sinais que guardava na memória. Caminhou uns minutos, amedrontada, mas decidida. De repente, ergueu-se à sua frente o barracão de madeira, tal e qual como se lembrava dele. Devia estar prestes a chegar. Passou o barracão e um pouco mais à frente, lá estava ele: o bosque! Sentiu no ar o aroma a madeira e a terra que em vão procurara, ao longo dos anos. Voltaram-lhe à cabeça as memórias de uma infância longínqua,  do seu esconderijo secreto, da primeira carta de amor que ali escreveu, das construções com pedras e folhas, das guloseimas escondidas que ali comia deliciada. Avançou mais um pouco e olhou demoradamente para cada uma delas: quatro árvores grandes e imponentes que, entre si, formavam um círculo perfeito. Lembrou-se de como no verão os ramos e as folhas de umas se misturavam com os das outras, criando uma cabana de sombra. Aproximou-se de uma e procurou com os olhos e com as mãos. Encontrou, finalmente: gravado no tronco, lá estava o número 9; procurou em cada uma das outras árvores e encontrou os restantes : dois círculos e um 2. Sentiu-se feliz, sorriu e gritou: 2009! No Outono de 1989, tinham-lhe roubado o seu bosque. Na última vez que lá foi, consumida pela revolta de, aos 10 anos de idade, não lhe reconhecerem o direito de escolha, tinha gravado furiosamente estes algarismos, um em cada árvore, simbolizando este conjunto a promessa de um dia voltar ao seu bosque. Olhou para o relógio: eram 11 horas da manhã do dia 18 de Outubro de 2009. A promessa estava cumprida! Sentou-se bem no centro do círculo formado pelas quatro árvores, no centro do seu bosque e soltou uma enorme gargalhada.

7 comentários:

  1. Olá Amiga!!!
    LINDO!!
    Uma Beijoca e um bom fim de semana
    Ana

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  2. Lindo!
    Tanto o texto, como os trabalhos. :)
    Beijocas
    Sofia

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  3. Olá Maria, vejo que continuas a fazer coisas lindas!
    Ao ler o teu lindo texto recuei no tempo e um pouco de nostalgia se acercou de mim...continuarei atenta e a seguir os teus trabalhos. Força!!!Bjs Estela

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  4. olá!minha querida, passei para desejar uma boa semana e avisar que tens uma declaração para ti lá no meu blog.
    Beijunhos;)

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  5. Olá querida, tenho um selinho no meu blog para ti!

    Bjinho...
    Mj

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  6. Olá,
    o meu blog é ainda um bébé e por isso venho te convidar a visita-lo.
    Bjinhos.

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  7. Td mt lindoooooo...Parabéns!!!
    Bjinhos gd!!!

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