A maior parte das coisas que me encantam são redondas. As framboesas e as cerejas são redondas. A lua cheia é redonda. A barriga das grávidas é redonda. A terra é redonda. Quando os lábios se juntam para um beijo, a boca fica redonda. Os olhos do meu cão são redondos. A bola no recreio dos miúdos é redonda. Até a cabeça das pessoas (com uma ou outra variação) é redonda. Tenho a certeza que a nossa vida seria muito mais interessante e gratificante se fosse redonda ou, pelo menos, se algumas coisas passassem a ser redondas. Se as esquinas fossem redondas, duas pessoas caminhando em direcções opostas não chocariam, mas passariam suavemente uma pela outra. Se os cantos das mesas fossem redondos, as crianças não magoavam a cabeça. Se as conversas fossem redondas, todas as palavras seriam suaves. Para mim, a vida não devia ter rectas intermináveis, declives assustadores, ângulos rectos ou linhas intermitentes. Para mim, a vida devia ser redonda.
23.10.09
16.10.09
Afinal, a Maria Farrusca existe mesmo...
Hoje nasceu a Maria Farrusca! Quando digo nasceu, quero dizer começar a existir materialmente, ter forma, textura, tridimensionalidade. Nascer verdadeiramente, ela já o fez há muitos e muitos anos. Tem vivido de forma tranquila e protegida, confortavelmente instalada num jardim privativo. Agora, de repente, decidiu revoltar-se. Cansada de estar fechada e de se sentir aprisionada, libertou-se, autonomizou-se e decidiu que há muito mundo para ver e sentir. Agora, diz que quer conhecer e ser conhecida, dar e receber, comunicar, mostrar, enfim, viver.
Eu, ainda estupefacta com o que aconteceu, não tenho outro remédio senão deixá-la voar. Apresento-vos, portanto, a Maria Farrusca, real, palpável, viva...
14.10.09
A árvore dos porta-chaves
Uma destas noites sonhei que tinha uma casa com jardim. Nesse jardim, havia uma única árvore. Uma árvore estranha, de finos ramos castanhos, sem folhas, nem flores nem frutos. Aproximei-me e olhei com atenção. Dos seus ramos nasciam pequenos objectos coloridos, de variadas formas e texturas. Foi então que percebi: eram porta-chaves.
1.10.09
Apresentando Maria Farrusca...
Ela é a personagem principal de uma história fantástica, feita de cores, aromas, sabores e de uma primavera eterna. Não tem aparência e características definidas, surge consoante é imaginada. Vive num mundo privado, alimenta-se das ideias e fantasias de quem a criou e, sempre que contempla o nascimento de um novo objecto, pinta-o com as suas cores preferidas e explode numa sonora e contagiante gargalhada.
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